Os R$29 bilhões mencionados pela Oi no documento de pedido de tutela de urgência cautelar com vista à proteção contra credores, causaram surpresa e dúvidas em muitas pessoas.
Se acompanhou as matérias onde detalhámos a dívida da Oi (acesse aqui) vai entender que é fácil achar a origem desse valor. O texto do documento indica o seguinte: “São, aproximadamente, R$ 29 bilhões apenas em dívidas financeiras, com os ECAs holders, bondholders e Bancos Nacionais, sendo que mais da metade desse valor está vinculada à moeda norte-americana,”.
Voltando ao relatório de resultados do 3T de 2022, vamos encontrar as linhas e os valores dos créditos correspondentes a esses credores:
Somando os valores de face da dívida de “ECAs holders, bondholders e Bancos Nacionais“, conforme indicado pela empresa, chegamos nos R$ 29 bilhões. Essa não é a dívida total, mas a empresa deixou claro no documento a que parcelas se referia. A dívida bruta total soma cerca de R$ 35 bilhões, porém, os mais de R$ 5 bilhões correspondentes à Oferta Geral, não são um problema porque só serão pagos a partir de 2038 conforme a nossa análise na matéria que pode acessar aqui: Os Segredos da Dívida da Oi – 20 anos sem juros – Parte 1: Oferta Geral .
Relativamente à dívida com a ANATEL, ela não integra os R$ 29 bilhões nem a dívida bruta da empresa representada no quadro por ter um enquadramento diferente. Recordamos que a dívida original com a ANATEL era de R$ 20,2 bilhões, tendo sido reduzida para R$ 9,1 bilhões a pagar em 126 parcelas (a redução não foi a esperada conforme explicámos aqui). Desse valor, R$ 1,93 bilhão foi pago por meio da conversão de depósitos judiciais. O saldo em dívida será de, aproximadamente, R$ 7,2 bilhões.
O problema atual da dívida da Oi está concentrado nas três parcelas e seus respetivos credores indicados:
- ECAs
- Bonds Qualificados
- Bancos Locais
Estas componentes da dívida são as que afetarão de forma considerável o caixa da empresa ao longo dos próximos 3 anos. Entre 2023 e 2025, o desembolso para pagamento de juros e capital destas parcelas será superior a R$ 15 bilhões, por isso o foco da empresa com estes credores. Reveja abaixo o quadro da matéria Os segredos da dívida da Oi – Vai conseguir pagar? – Resumo , onde estimamos os valores a pagar pela empresa:
Leia todos os detalhes sobre o que pode acontecer na nova recuperação judicial e a diluição de acionistas: Oi: O Pé na Porta da Recuperação Judicial e Diluição dos Acionistas
Segundo documento enviado à Justiça, a lista de credores da Oi para as quais a empresa solicitou proteção é a seguinte:
- BNY Mellon (US$ 1,73 bilhão ou R$ 9 bilhões)
- GDC Partners (R$ 8,26 bilhões)
- Wilmington (US$ 1,03 bilhão ou R$ 5,36 bilhões)
- China Development Bank (US$ 731,97 milhões ou R$ 3,82 bilhões)
- Itaú BBA (R$ 2 bilhões)
- Fundação Atlântico de Seguridade Social (R$ 948,12 milhões)
- Banco do Nordeste do Brasil (R$ 156,4 milhões).
- Banco da Amazônia (R$ 100 milhões)
- Bradesco (R$ 34,4 milhões)
- ABC Brasil (R$ 2,5 milhões)
- Santander (R$ 2,2 milhões)
- BNP Paribas (R$ 675 mil)
- Fibra (R$ 29 mil)
- Modal (R$ 25 mil)
Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.