A agência Fitch Ratings rebaixou hoje, 29 de maio, o rating da Oi para ‘C’, de ‘CCC-’ e seu Rating Nacional de Longo Prazo, para ‘C(bra)’, de ‘CCC-(bra)’.
Em sua análise, a Fitch detalha informações relevantes sobre a situação atual e o futuro da Oi. O rebaixamento da nota é justificado com a deterioração financeira da Oi, acentuada por uma queima de caixa acima das expectativas. Segundo justifica a Fitch, para evitar a inadimplência, a companhia vem solicitando waivers adicionais para os credores do Novo Financiamento, ou seja, a capitalização (PIK) em vez do pagamento dos juros em dinheiro conforme previsto.
A Fitch destaca a urgente necessidade de gestão de liquidez por parte da Oi. A análise refere que a companhia pretende resolver este imbróglio até 2026, com a venda de seus 27,5% na V.tal, cujos recursos devem amortizar totalmente o Novo Financiamento.
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Operacional Negativo em 2025 e 2026
Do lado operacional, a Fitch acredita que a Oi continuará queimando caixa ao longo de 2025 e de 2026, principalmente devido ao EBITDA negativo de seus negócios legados de telefonia fixa, o que resultará em uma estrutura de capital insustentável. A agência projeta EBITDA negativo de aproximadamente R$ 2 bilhões em 2025 e R$ 500 milhões em 2026.
V.tal avaliada em R$ 13 bilhões
A Fitch avalia a participação de 27,5% da Oi na V.tal em R$ 13 bilhões. Em sua avaliação, os analistas esperam que a Oi venda sua participação na V.tal em 2026, apesar da considerável incerteza quanto ao momento e ao valor da transação. Segundo concluem, as condições de mercado determinarão se a Oi conseguirá vender toda a sua participação na V.tal.
Os analistas da Fitch referem ainda que, dependendo do preço de venda, além das notes correspondentes ao Novo Financiamento, no valor de USD $650 milhões, a Oi pode eliminar também R$ 650 milhões em obrigações de contratos take-or-pay sem garantia com fornecedores e amortizar parte da dívida RollUp.
Imóveis avaliados em R$ 5 bilhões
A análise da Fitch indica a venda de imóveis da Oi como positiva, destacando que a migração do regime de concessão de telefonia fixa para o de autorização permite à Oi vender cerca de 7.500 imóveis avaliados, aproximadamente, em R$ 5 bilhões.
Os recursos destas vendas, segundo a Fitch, reduzirão as obrigações de contratos take-or-pay com fornecedores e, na sequência, amortizarão o bond 2027 (Novo Financiamento), a dívida RollUp e serão direcionados às operações da companhia. Além disso, a alienação eliminará custos fixos de manutenção destes ativos.
Detalhámos aqui a ordem e prioridade dos pagamentos aos credores.
Arbitragem crucial para a recuperação da Oi
“A Fitch considera a resolução do processo de arbitragem da Oi com a Anatel crucial para a recuperação financeira da empresa, apesar das incertezas relacionadas ao cronograma e aos resultados das indenizações. De acordo com a cascata de obrigações, os recursos de um acordo inicialmente seriam aplicados para liquidar BRL 8,5 bilhões em multas com a Anatel. Posteriormente, a V.tal seria ressarcida pelos BRL 5 bilhões em obrigações de investimento adiantadas à Oi, e os recursos remanescentes seriam divididos igualmente entre Oi e V.tal. O acordo também pode envolver suspensão de obrigações onerosas de telefonia fixa, como comissões e pagamentos de seguros relacionados a provisões elevadas.”
As notas Novo Financiamento e RollUp
A Fitch rebaixou também para ‘C’/‘RR4’, de ‘CCC-’/‘RR4’, o rating das notas superseniores com garantia e vencimento em junho de 2027 da companhia – o Novo Financiamento, que totalizam USD $655 milhões, e das notas payment-in-kind (PIK) subordinadas com garantia e vencimento em dezembro de 2028, no montante de USD $1,4 bilhão – a dívida RollUp.
A Fitch destaca as seguintes premissas em sua análise:
- Receita líquida de R$ 2,4 bilhões em 2025 e de R$ 2,2 bilhões em 2026;
- EBITDA negativo em R$ 1,9 bilhão em 2025 e R$ 473 milhões em 2026;
- Venda da V.tal em 2026 e uso dos recursos para reduzir a dívida;
- Oi Soluções, como entidade sobrevivente, com R$ 1,4 bilhão em receitas em 2025 e 2026;
- Investimentos de R$ 70 milhões em 2025 e de R$ 83 milhões em 2026.
Acesse aqui o comunicado da Fitch: https://www.fitchratings.com/research/pt/corporate-finance/fitch-downgrade-ois-idrs-to-c-29-05-2025
Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.