Chegou a hora da virada na Oi? A situação da empresa com a PIMCO como maior acionista

Um ano após homologação pela justiça do segundo plano de recuperação judicial da companhia, com as contas do primeiro trimestre de 2025 reveladas e com a PIMCO – uma das maiores gestoras de fundos do mundo – como maior acionista, a Oi conseguirá finalmente executar seu turnaround e se tornar uma empresa viável?

O plano de recuperação judicial da Oi, aprovado em abril de 2024 pelos credores e homologado pela 7ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro em 28 de maio de 2024, trouxe uma nova esperança para a difícil situação da companhia. Com elevada dívida e operacional negativo, tanto pela operação legada de telefonia, quanto pela deficitária Oi Fibra, o plano aprovado permitiu endereçar um novo caminho para os problemas da empresa.

Vários passos relevantes foram dados com o novo plano de recuperação. Desde logo, a migração da concessão do serviço de telefonia fixa (STFC) para o regime de autorização, permitindo uma grande redução de custos num serviço em decadência e sem demanda. Decorre ainda a arbitragem com a ANATEL, onde a Oi procura ser indenizada pelos bilionários prejuízos com o desequilibrio econômico-financeiro da concessão, ao longo de muitos anos, que a Oi calcula em torno de R$ 60 bilhões a valores atualizados. É esperada uma decisão até final do ano.

Como parte do plano de recuperação, a ClientCo, unidade de negócio responsável pelo serviço de fibra, foi vendida. Sem outras propostas, o comprador dos cerca de 4 milhões de clientes da Oi Fibra foi a V.tal – a empresa detentora da rede de fibra, anteriormente propriedade da Oi, e na qual a Oi ampliou sua participação para 27,5% com a transação. Recordamos que a Oi Fibra gerava prejuízos para a Oi, sobretudo, pelos elevados custos com a utilização da rede de fibra da V.tal.

Ainda como parte de seu plano, a Oi fechou a venda da UPI TV Co e tem realizado a alienação de imóveis e torres.

Custos em Queda

As contas do primeiro trimestre revelam o impacto das alterações realizadas com os avanços da implantação do plano.

Do lado dos Custos, com um custo total de R$ 1,9 bi no 1T25, pela primeira vez desde há vários anos, os custos caem abaixo de R$ 2 bi. A queda, na comparação ano contra ano, foi de 21%.

Em: Oi – Release de Resultados 1T2025

Entre os itens de custo com valores maiores, destacamos os R$ 799 milhões de Aluguel e Seguros, onde são registrados os custos com o uso da infraestrutura de fibra da V.Tal. A redução de 26% A/A (ano contra ano) foi atribuída principalmente ao contrato de aluguel para uso da rede de fibra, que deixou de compor os custos da companhia a partir do mês de março de 2025, após a conclusão da venda da UPI ClientCo.

No segundo trimestre, as contas da Oi já não assumirão custos com o uso da rede de fibra, pelo que, estimamos uma queda elevada deste item de custos.

No item serviços de terceiros, que totalizaram R$ 624 milhões no trimestre, registrando redução de 24,1% A/A e de 16,7% T/T (trimestre contra trimestre), a Oi justifica a redução como resultado das iniciativas de eficiência.

Os custos com Pessoal somaram R$ 412 milhões no 1T25, apresentando uma redução de 5,5% A/A e de 13,1% T/T. Apesar da redução de custos e da redução de 2,9 mil colaboradores nos últimos 12 meses, em nossa opinião, as despesas com Pessoal continuam elevadas para a nova estratégia e dimensão da companhia.

A desmobilização das redes legadas, consequência do fim da concessão de telefonia fixa, permitirá à Oi poupar custos de R$ 2,5 bilhões. Segundo informado pela companhia, até final do primeiro trimestre de 2025, a poupança de custos foi de R$ 1 bi, ou seja, a poupança esperada no restante do ano será de R$ 1,5 bi, com a otimização da topologia de rede de 86,5 mil para apenas 2 estações.

Receita Tímida

Do lado da Receita, tal como nos Custos, com a venda da ClientCo (Oi Fibra) para a V.tal, a partir de Março de 2025 as receitas deixam de integrar as contas da Oi. Com receitas totais de R$ 1,4 bi no 1T2025, a Oi registrou uma quebra de 34,3% A/A e 23,7% na comparação com o último trimestre de 2024.

Em: Oi – Release de Resultados 1T2025

Analisando as componentes de receita da nova estratégia da companhia, ou seja, a Oi Soluções, as subsidiárias (Serede, Tahto e Oi Services) e o legado, assinalamos a quebra de 27,1% A/A, ou seja, contra o 1T2024. Destacamos, no entanto, uma tendência de estabilização com ligeiro crescimento face ao último trimestre de 2024. As unidades que compõem a Nova Oi somaram R$ 631 milhões de receita no primeiro trimestre de 2025.

Ressaltamos a performance negativa da Oi Soluções, que tem registrado uma quebra de receitas contínua nos últimos anos. No 1T2023 a Oi soluções registrava receitas de R$ 585 milhões e no 1T2024 de R$ 474 milhões. A queda para R$ 371 milhões no 1T2025 foi parcialmente compensada pelo crescimento da receita com as subsidiárias, somando R$ 166 milhões. A Oi ressalta que suas subsidiárias “têm um grande potencial de crescimento e geração de valor”.

Segundo informa a companhia em sua release de resultados do 1T2025, as receitas da Oi Soluções “têm sido impactadas pelas transformações estruturais no setor, especialmente pela diminuição da demanda por serviços baseados em tecnologia de cobre, seja pela diminuição da base de clientes dos serviços tradicionais, seja pela queda no consumo da base ativa”.

Como aposta para o crescimento da Oi Soluções, a companhia aponta as TIC (tecnologias de informação e comunicação), reforçando sua atuação no segmento Cloud Computing. O mercado Cloud é analisado com uma elevada expectativa de crescimento. A Oi anunciou também a assinatura de contratos que somam R$ 53 milhões em novas receitas com licitações ganhas.

O Resultado

Com a conclusão da venda da ClientCo no 1T2025, foi reportada uma receita contábil de R$ 3,7 bi no trimestre, porém, essa é uma receita “não rotina”, que gerou um EBITDA reportado positivo de R$ 3,2 bi.

Em: Oi – Release de Resultados 1T2025

No 1T2025, o EBITDA de rotina, aquele que resulta da operação regular da empresa, foi de R$ 433 milhões negativos, resultado de receitas aproximadas de R$ 1,4 bi e custos de R$ 1,9 bi.

Quando as contas do segundo trimestre forem apresentadas, teremos a primeira visão do operacional da empresa sem os efeitos Oi Fibra e Oi TV, ou seja, a Nova Oi.

O Futuro com Operacional Positivo

A Nova Oi será uma empresa muito menor, centrada na Oi Soluções e nas subsidiárias, e isso terá reflexo também nas contas. Sem as receitas em torno de R$ 2 bi verificadas nos trimestres anteriores, mas registrando algo mais próximo dos R$ 631 milhões reportados no 1T2025 para as operações que manterá, a Oi registará menores receitas, mas também menores custos.

Com uma forte disciplina de custos e a redução de despesa associada ao legado, acreditamos que ainda em 2025 a Oi poderá alcançar um trimestre com EBITDA de rotina positivo, conseguindo, finalmente, um operacional sustentável. Teremos ainda de considerar na equação as receitas “não rotina” com a venda de imóveis e a venda do cobre pela desativação da rede legada.

Depois de alcançar um operacional positivo, um outro ponto crítico de análise será a dívida da empresa. Mesmo considerando um operacional positivo, por si só, isso não será suficiente para suportar a dívida com vencimento em 2027 e 2028. Numa próxima análise detalharemos como o plano prevê o pagamento da dívida.

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


Publicado

em

,