Uma Nova Oi Nascendo – O Fim da Companhia “sem dono”

A troca de conselho aprovada hoje, 11 de dezembro, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), assinala o fim de uma era e o nascimento de uma nova fase para a Oi.

Os novos acionistas majoritários da companhia, dominados pelos fundos de investimento PIMCO, com 36,48% do capital da empresa, pela SC Lowy, com 12,27%, e pela Ashmore com 9,53% são os novos controladores da Oi. Juntos, estes fundos possuem mais de 58% das ações da companhia. Com a conversão de dívida em capital, prevista no plano de Recuperação Judicial (PRJ), estes fundos financeiros internacionais, que eram dos principais credores da Oi e que aportaram capital num novo financiamento de USD $505 milhões, tornaram-se os maiores acionistas da companhia.

Em votação na assembleia extraordinária estava uma chapa única para o conselho de administração da companhia, indicada pela SC Lowy, que substitui todo o anterior conselho. Eleazar de Carvalho (presidente do conselho), Marcos Grodetzky (vice-presidente), Rodrigo Abreu (que foi CEO) e Henrique Luz deixam o conselho e são substituídos pelos novos elementos indicados pelos novos acionistas majoritários.

O novo conselho de administração da Oi passa a ser constituído pelos seguintes elementos: Francisco Roman Lamas Mendez-Villamil, Marcelo José Milliet, Paul Aronzon, Paul Murray Keglevic, Renato Carvalho Franco e Scott David Vogel.

Os novos elementos para o conselho de administração foram aprovados com 194.706.519 votos favoráveis. Este número de votos corresponde, praticamente, ao número de ações dos três acionistas controladores:

  • PIMCO – 120.428.685 ações
  • SC Lowy – 40.498.095 ações
  • Ashmore – 31.464.309 ações
  • Soma = 192.391.089‬

A companhia “Sem Dono”

Durante os últimos anos a Oi seguiu “sem dono”, ou seja, com seu capital altamente pulverizado em bolsa, por entre uma multidão de pequenos acionistas, porém, sem acionistas controladores majoritários.

Pelo caminho, a Oi vendeu a V.tal – sua unidade de infraestrutura – ao BTG. Um negócio que trouxe dinheiro insuficiente ao caixa da Oi e custos demasiado elevados pelo uso da rede – Surpresa! Custo da Oi com V.tal é superior a toda a receita Oi Fibra – Tente entender porque nós não entendemos

Vários outros casos fizeram ainda parte da história recente da Oi. Em março, uma destituição do conselho foi tentada pelo acionista minoritário Victor Adler, porém sem sucesso.

Atualmente, a Oi voltou a ter “donos”, ou seja, acionistas controladores que definirão a estratégia da companhia. Este fato poderá melhorar a confiança na companhia, permitindo acreditar que a nova estratégia conduzirá a uma Oi mais pequena, porém sustentável e capaz de pagar sua dívida.

Uma Oi mais pequena

A ClientCo – a unidade de fibra ótica da companhia, deixará em breve de fazer parte da Oi. Conforme previsto no Plano de Recuperação Judicial (PRJ), aprovado pelos credores e homologado pela justiça, a unidade que detinha o negócio de fibra ótica com cerca de 4 milhões de clientes, foi vendida em leilão para a única oferta de compra apresentada. A V.tal, controlada pelos fundos do BTG, foi a compradora.

Em contrapartida, pré-acordada com os principais credores e atuais acionistas, a Oi aumentará sua participação na V.tal, de 17% para 27,5%. Recordamos que a participação na V.tal é um dos principais ativos da Oi previstos para venda com vista ao pagamento da dívida aos credores. A venda dessa participação deverá ocorrer em 2026 já que, valores bilhonários de bonds terão vencimento em 2027 e 2028.

Após venda da Oi Fibra, cujo fechamento deverá ocorrer até final do ano, a Oi ficará focada na Oi Soluções, a unidade corporativa da companhia.

Fim da Concessão e Arbitragem

Um outro passo fundamental para o futuro da Oi foi a aprovação, pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), da transição do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) do regime de concessão para o regime de autorização.

Conforme informou a companhia: “O desfecho dessa etapa é um pilar fundamental na busca pela viabilidade operacional da companhia, com vistas à superação de sua atual situação-econômico-financeira e à continuidade de suas atividades”.

O fim das obrigações inerentes à concessão, que acarretavam elevados custos para a Oi, vai ainda permitir liberar para venda muitos imóveis para reforço do caixa da companhia e pagamento de sua dívida.

O processo de arbitragem, no qual a companhia busca compensações por “desequilíbrios históricos da concessão”, deverá também trazer um desfecho positivo para a companhia.

Adeus Mateus

Não esquecemos que a administração que hoje abandona a Oi, dirigida, principalmente, por Rodrigo Abreu, prometeu uma empresa viável e entregou a segunda recuperação judicial; prometeu multiplicar, porém, dividiu o valor da empresa; prometeu 49% de participação da Oi na V.tal e deixou a Oi com apenas 17%; prometeu vender a V.tal para reduzir as elevadas necessidades de CAPEX, porém, entregou custos incomportáveis com o uso da rede; prometeu entregar 5,6 milhões de clientes de fibra em 2024 e entregou 4 milhões.

Por fim, Mateus Bandeira, CEO ou diretor presidente, disse adeus à Oi. Em comunicado interno aos colaboradores da Oi, Mateus afirma deixar “perspectivas realistas de uma Oi viável e sustentável”. Assim esperamos.

Recordamos que Mateus Bandeira sucedeu a Rodrigo Abreu em janeiro.

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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