Oi: Conversão de Dívida em Ações – Qual será o Valor Convertido?

Os credores que aportem novo dinheiro na Oi, através da escolha da Opção de Reestruturação I, terão parte de seus créditos convertidos em até 80% do capital da companhia.

No dia 1 de julho encerrou o prazo de 30 dias corridos para a escolha das opções de reestruturação pelos credores financeiros da Oi. Os credores que elegeram a Opção de Reestruturação I serão os financiadores de um montante entre 500 milhões e 505 milhões de dólares norte-americanos em novo dinheiro. Esses credores terão melhores condições na reestruturação das suas dívidas face aos restantes credores financeiros.

Os credores que não participem no Novo financiamento – Opção de Reestruturação II ou Pagamento Geral – terão os seus créditos pagos em mais de 20 anos e com cortes que poderão ser de 85% e 90%, caso a Oi opte pelo pré-pagamento.

Qual o Valor da Dívida Convertida em Ações?

De acordo com a nossa estimativa, o total de créditos que elegeram a Opção de Reestruturação I estará alinhado com o valor projetado no Laudo Econômico-Financeiro anexo ao Plano de Reestruturação aprovado pelos credores. No documento, elaborado pela consultora internacional EY, o valor previsto é de R$ 13,1 bilhões.

“Para fins deste Laudo, considera-se como premissa a adesão de credores cujos créditos somam R$ 13,1 bilhões à Opção de Reestruturação I e, por conseguinte, R$ 15,9 bilhões à Opção de Reestruturação II.”

Laudo Econômico-Financeiro, página 53

Os principais credores da Opção I, que negociaram o plano com a Oi, são fundos internacionais com dívida original em dólares norte-americanos, portanto, esta estimativa correspondia na data do laudo e da aprovação do plano a algo próximo de 2,5 bilhões de dólares norte-americanos. Entretanto, o câmbio do dólar caiu de algo próximo de 5 reais para mais de 5,50, o que corresponde atualmente a um valor superior em reais.

Estimamos então, considerando os valores em reais considerados à data da aprovação do plano, que os créditos da Opção de Reestruturação I totalizem algo em torno de R$ 13 bilhões. Com o aporte do novo financiamento, esses credores terão R$ 6,75 bilhões de sua dívida convertida em novas notes (bonds) Roll-Up e o restante convertido em capital, ou seja, ações da companhia.

Verificando-se a adesão à Opção de Reestruturação I de R$ 13 bilhões, após conversão de R$ 6,75 bilhões em notes Roll-Up, restarão R$ 6,25 bilhões para conversão em 80% do capital da Oi. Apenas estes credores receberão ações da companhia, os credores das restantes opções de reestruturação não terão seus créditos convertidos em ações.

Os bancos nacionais comunicaram não ter intenção de participar num novo financiamento à Oi, portanto, estimamos que, na Opção de Reestruturação I, participem apenas os grandes fundos internacionais e alguns pequenos bondholders internacionais com pouco peso no total da dívida.

Não é ainda conhecido o valor atribuído a cada ação na conversão, no entanto, para os credores isso não será diretamente relevante porque terão o mesmo número de ações atribuídas independentemente do seu valor teórico. O valor da dívida a converter, que estimamos em R$ 6,25 bilhões, será sempre muito superior ao valor correspondente ao atual valor de mercado dos 80% das ações da companhia, considerando a cotação recente da ação.

Pela evolução das várias versões do plano negociadas até à sua aprovação final, ficou clara a preferência dos credores por aumentar o valor da conversão em notes Roll-Up. Os credores tinham claro que a conversão em ações estava limitada a 80% e também o baixo valor de mercado da companhia.

Direitos de Subscrição para Atuais Acionistas

Antes do aumento de capital por incorporação de dívida, com atribuição dos 80% de ações aos credores da Opção 1, os atuais acionistas deverão ter a oportunidade de subscrever ações de modo a não serem diluídos ou a reduzir a sua diluição. A Oi possui atualmente 66 milhões de ações, portanto, a nossa estimativa para os 80% de capital será de emissão de cerca de 265 milhões de novas ações.

Prevemos como possíveis duas formas de cálculo do valor de subscrição das novas ações:

  • Considerar o montante da dívida a converter e dividindo pelo número de novas ações, ou seja, dividindo os R$ 6,25 bilhões estimados pelo número de ações a emitir, que estimamos em cerca de 265 milhões, o que resultaria num valor próximo de R$ 23 para cada ação.
  • Utilizar a cotação de mercado das ações ordinárias (OIBR3) num período de, por exemplo, últimos 30 dias – acreditamos que este será o cenário mais provável. Caso seja esta a opção, permitirá a subscrição em melhores condições por parte dos atuais acionistas que pretendam exercer o seu direito de subscrição.

Com o adiamento de 15 de julho para 31 de julho do prazo para emissão da Dívida Roll-Up e do Novo Financiamento decorrentes da Opção de Reestruturação I, esperamos, muito em breve, conhecer os valores finais dos créditos aderentes a cada opção e do montante a converter em ações que, em qualquer caso, considerará sempre os 80% de diluição previstos no plano.

O plano permite aos credores optar por receber ações no Brasil ou o equivalente em ADS – American Depositary Shares, negociadas em mercado de balcão (OTC) nos EUA. No entanto, não é esperado que uma quantidade significativa de credores opte por receber ações nos EUA. Com as limitações relacionadas aos ADS/ADR, como a limitação ao voto, que apenas pode ser efetuado através de um proxy, esta opção não é atrativa para os principais credores. Além disso, com a negociação apenas em mercado de balcão, a atratividade fica limitada dado o baixo volume transacionado.

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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