Oi: Resultados do 1º Trimestre trazem boas notícias (mas não só)

Acostumados a uma vida de surpresas com a Oi, desta vez os acionistas tiveram uma primeira boa notícia que é, precisamente, a ausência de surpresa nos resultados.

Blow-Out será o nosso termo de avaliação da performance

Os resultados referentes ao 1º trimestre de 2023, divulgados dia 14 de junho, permitem entender que o rumo da companhia está seguindo em linha com o que havia sido divulgado no blow-out das negociações com credores, ou seja, as projeções apresentadas aos principais credores financeiros com os quais a Oi fechou um pré-acordo. Essas projeções traduzem, no nosso entendimento, as metas que a empresa assumiu perante os credores, que serão em breve “donos” de 80% da companhia, portanto, será contra essas projeções que iremos avaliar a performance da Oi.

Uma nota para o último blow out com projeções das contas da empresa, que foi divulgado muito recentemente (em 21-4-2023), já depois do fim do primeiro trimestre e, portanto, a margem de erro sobre os resultados terminados em março, e agora apresentados, é reduzida.

Principais pontos da nossa avaliação:

  • (+) Resultados no seguimento do projetado no blow-out.
  • (+) Bom Resultado Oi Soluções.
  • ( -) Fraco crescimento Casas Conectadas Oi Fibra.
  • ( -) Reduzida Margem Oi Fibra.

Resultado Negativo não foi surpresa

Apesar da empresa ter apresentado um resultado líquido negativo de R$ -1,267 bilhão no primeiro trimestre, isso não foi uma surpresa e está em linha com o esperado. A projeção no blow-out prevê resultados negativos até 2025.

Os EBITDA projetados no blow-out para os anos 2023 a 2025 são, respetivamente: R$ -1,331 bilhão, R$ -425 milhões e R$ -356 milhões. Em 2026 o EBITDA esperado é finalmente positivo no valor de R$ 2,127 bilhões.

O EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Oi foi de R$ 216 milhões no primeiro trimestre. O EBITDA “de rotina” das operações brasileiras, que desconsidera itens não recorrentes, foi de R$ 193 milhões.

A Oi terminou o primeiro trimestre com R$ 1,8 bilhão em caixa.

Oi Soluções com boa performance

A performance da Oi Soluções é uma boa notícia nos resultados, apresentando uma receita líquida de R$ 701 milhões.

O blow-out prevê receitas líquidas para a Oi Soluções de R$ 2,284 bilhões em 2023, assumindo 1/4 para considerar apenas um trimestre, esperaríamos R$ 571 milhões de receita. O valor alcançado superou em R$ 130 milhões a projeção, ou seja, superando em mais de 20% o valor esperado. Veremos se é um efeito sazonal, mas, de qualquer modo, é um bom resultado.

De acordo com as projeções do blow-out, a Oi Soluções projeta uma Margem EBITDA superior a 12% em 2023 e 2024, passando os 20% em 2026. É uma área de negócio com potencial e importante para o resultado da Oi.

Oi Fibra – Adição de casas conectadas alcança menos de metade do objetivo

A nossa principal preocupação vai para o reduzido crescimento do número de clientes fibra. As casas conectadas cresceram apenas 89 mil no trimestre, para 4 milhões, o que registra um crescimento muito aquém do projetado no blow-out.

O objetivo traçado no blow-out prevê chegar ao final de 2023 com 4,725 milhões de casas conectadas, o que implicaria um crescimento mensal, nos restantes 9 meses do ano, superior a 80 mil casas/mês, ou seja, um valor próximo do crescimento verificado em todo o primeiro trimestre.

O blow-out prevê uma adição de 820 mil casas conectadas em 2023 (crescendo de 3,905 milhões em 2022 para 4,725 milhões no final de 2023), para cumprir o planejado, em um trimestre a Oi deveria ter adicionado 205 mil casas, porém, adicionou menos de metade desse objetivo.

Apesar de estar em crescimento no número de casas conectadas e em receita, e isso é positivo, é crítico acompanhar nos próximos meses a evolução destes indicadores do negócio core da Nova Oi.

Oi Fibra – OPEX elevado

Analisando as contas relativas ao negócio de fibra, não ficamos tranquilos com o aparente elevado custo da operação de fibra. O custo por casa conectada, cobrado pela V.tal, poderá ser muito elevado e se traduzir numa margem muito reduzida da operação fibra.

No blow-out temos uma previsão de receita líquida para a Oi Fibra, em 2023, de R$ 5,331 bilhões e um OPEX de R$ 5,184, ou seja, a margem libertada em todo o ano é de apenas R$ 148 milhões o que significa uma margem EBITDA prevista de apenas 2,8%.

A receita líquida da Oi Fibra no primeiro trimestre foi de R$ 1,103 bilhão. Comparando com 1/4 da receita prevista no blow-out, para converter em um trimestre, teremos uma previsão de R$ 1,333 bilhão. A receita líquida ficou, portanto, R$ 230 milhões abaixo do projetado o que corresponde a -17%.

Nos resultados apresentados referentes ao primeiro trimestre não conseguimos obter o OPEX ou o EBITDA isoladamente para as unidades de negócio Oi Fibra e Oi Soluções.

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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