Como a V.tal poderá acabar comprando a Oi – Entenda a bizarra possibilidade

A Oi ser adquirida pela V.tal é uma possibilidade que tem sido comentada nos últimos dias. À primeira vista poderá parecer uma hipótese bizarra, mas existe alguma racionalidade nessa visão.

Depois da venda da maioria do capital da V.tal ao BTG, a Oi passou a deter 34% da empresa de rede neutra por ela criada. Pelas informações relativas às negociações com credores que foram divulgadas ao mercado, fica claro que o novo plano de recuperação sustentará a viabilidade do pagamento da nova estrutura de dívida na venda da participação na V.tal. É o único ativo capaz de permitir à Oi fazer face ao pagamento das dívidas “Roll-up” (R$ 10,75 bilhões) e “Dinheiro Novo” (R$ 4 bilhões) que vencerão em 2027/2028, ou seja, a Oi terá um desembolso aproximado de R$ 15 bilhões dentro de alguns anos.

No novo plano de recuperação Oi venderá a sua participação na V.tal

A venda da participação da Oi na V.tal poderá ter vários interessados, desde logo outras empresas do setor, porém, sendo uma participação minoritária, uma vez que a V.tal já tem um controlador majoritário, o controlador poderá influenciar essa venda. Desse modo, o comprador “natural” seria o acionista controlador da V.tal, ou seja, o próprio BTG.

A Oi e a V.tal, apesar de serem duas empresas independentes, continuam intimamente conectadas. Por um lado a Oi sustenta todo o seu negócio de fibra na rede da V.tal e, por outro, a V.tal tem a Oi como o seu maior e fundamental cliente. Apesar de ser uma empresa de rede neutra, que presta serviços a vários operadores, a V.tal precisa que a Oi cresça em número de clientes para vender os seus serviços de rede. Há ainda a questão dos bens reversíveis que, por conta da Oi, condicionam a V.tal.

V.tal poderá lançar OPA sobre Oi

Analisando pela perspectiva da V.tal, comprar a Oi poderia ser um excelente negócio por várias razões. Primeiro, com a cotação atual das ações, a Oi tem um valor de mercado baixo. Uma OPA (oferta pública de aquisição) sobre os atuais acionistas poderia fracassar porque o preço médio de compra das ações é muito superior ao da atual cotação, porém, em breve 80% da Oi terá novos acionistas através da conversão de dívida em ações da companhia. Estes novos acionistas poderiam estar dispostos a vender as suas ações a valores em torno de R$ 2,00 a R$ 3,00 o que avaliaria a Oi num intervalo entre R$ 6 bilhões a R$ 9 bilhões. A V.tal, que é uma empresa praticamente sem dívida, assumiria a dívida da Oi e, com um novo investidor ou um IPO dispersando uma parte do capital em bolsa, pagaria facilmente os R$ 15 bilhões de dívida com vencimento em 2027/2028.

Depois de resolvida a questão da dívida, a V.tal poderia ainda optar por focar a sua estratégia na componente de rede e vender a Oi Fibra (a unidade de negócio direto ao consumidor) e a Oi Soluções (a unidade B2B). Estas unidades valeriam facilmente vários bilhões de reais cada pagando com mais valias o que a V.tal pagaria por toda a Oi.

V.tal pagaria a Oi e a sua dívida com os ativos da própria Oi

No final, o BTG evitaria que uma parte da V.tal, ainda que minoritária, fosse vendida pela Oi a outro investidor e pagaria o investimento na aquisição da Oi com os próprios ativos da Oi que seriam vendidos separadamente. Os R$ 15 bilhões da dívida mais crítica seriam pagos com a “parte” da própria Oi na V.tal. Este seria um excelente negócio para o BTG que levaria a Oi pagando com os ativos da própria Oi.

À primeira vista esta hipótese pode parecer bizarra, sobretudo se considerarmos que a Oi criou a V.tal, vendeu o seu controle e depois acabaria ela própria comprada pela empresa que vendeu. Mas não será completamente bizarra toda a história dos últimos anos da Oi? Seria só um final bizarro no meio de tudo o que tem sucedido com a Oi.

Hipótese bizarra não seria inédita para a Oi

Além de tudo, esta bizarrice não seria inédita. Na fusão com a Portugal Telecom, após a empresa portuguesa perder quase 1 bilhão de euros investidos em dívida, a Oi acabou vendendo os ativos da Portugal Telecom à Altice, ou seja, vendeu a empresa com a qual se tinha fundido. Os acionistas da Portugal Telecom – atual Pharol, com a diluição ocorrida na primeira recuperação judicial, viram a sua participação reduzida a cerca de 5% e não puderam evitar o negócio.

Será que vem aí mais uma bizarrice no roteiro da novela Oi?

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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