Oi: 1 Milhão de acionistas investindo no futuro do Brasil e o BTG atrapalhando?

Nos últimos dias publicámos duas matérias que deixam os pequenos acionistas preocupados e com muitas dúvidas sobre a venda da participação majoritária da V.tal para o BTG. O negócio trouxe a Globenet de “presente” no que aparenta ser um “presente” envenenado.

Recordamos que o negócio foi avaliado como negativo para a Oi por várias entidades, entre as quais, o próprio BTG: “Uma redução na participação de 7,4 p.p. Oi na V.tal seria equivalente a uma redução de R$ 2,4 bilhões no valor para o acionista da Oi, ou cerca de R$ 0,40 por ação“ – BTG em 10 de junho de 2022.

Em primeiro lugar, o plano divulgado pela companhia previa que a Oi transacionasse 51% do capital da sua unidade de fibra, ficando, portanto, com 49%. No final do negócio a Oi acabou ficando apenas com 34%, o que significa um ativo menor para a companhia. Segundo a avaliação do BTG acima referida, a Oi reduziu o seu valor em R$ 2,4 bilhões com os moldes inesperados deste negócio. Além disso, o objetivo seria reforçar o caixa da Oi e capitalizar a V.tal para que pudesse continuar investindo na expansão da rede de fibra, mas isso não aconteceu da maneira esperada. Vemos ainda que a Globenet tem um valor atribuído de R$ 1,5 bilhão e todos os anos a Oi tem que pagar à Globenet o equivalente ao seu valor. Estranho, não?

Conheça todos os detalhes nas matérias que publicámos:

A grande questão é se a administração da companhia estará realmente preocupada com o interesse da empresa e dos seus mais de um milhão de acionistas. Em várias ações e na sua comunicação a empresa dá a entender que não valoriza devidamente as mais de um milhão de pessoas que investem as suas poupanças na empresa, desde logo, as conferências de apresentação de resultados são em inglês. Achávamos que a língua oficial do Brasil era o português. Ainda mais, desconhece-se algum acionista controlador estrangeiro. Como se não bastasse, alguns dos “palestrantes” das apresentações de resultados bem sofrem para falar um inglês que se entenda. Será para ninguém entender mesmo? Sugerimos que invistam um pouco dos bons salários e bônus que recebem em aulas de inglês ou que apresentem em português. Sabemos que as notícias não têm sido boas, mas estamos aqui para as escutar.

Já escrevemos sobre como desejamos maior agilidade por parte das autoridades. Um enquadramento legal e regulatório que está amarrado ao passado, desfasado da realidade e da evolução do mundo e da tecnologia atual, só contribui para atrasar e consumir recursos com investimentos que não adicionam valor nem à sociedade nem às empresas.

Leia a matéria que publicámos: Oi: 1 Milhão de acionistas investindo no futuro do Brasil (e gente atrapalhando)

Das autoridades políticas, judiciais e regulatórias, sobretudo no caso de uma empresa altamente pulverizada e sem um ou mais acionistas controladores, ainda mais num complexo processo de recuperação judicial, também se espera que protejam e defendam os acionistas minoritários. Investir na bolsa de valores não é o mesmo que apostar num cassino. Existem leis e regulamentos com obrigações para as empresas cotadas, que envolvem comunicação, gerenciamento, auditoria, tudo isto sobretudo para proteção dos pequenos investidores. As surpresas e o risco deveriam surgir da evolução natural dos negócios e não de outras questões como ainda há pouco vimos acontecer com a Americanas.

A Oi é um verdadeiro case de capitalismo popular. Possui mais de 1,3 milhões de acionistas “pessoa física”, conforme os dados disponibilizados pela B3. São, portanto, mais de 1 milhão de famílias com as suas poupanças investidas no desenvolvimento do Brasil, acreditando que a conetividade de banda larga faz parte do futuro e do crescimento do país. Boa parte destes acionistas estão perdendo 90% do seu investimento com a desvalorização da ação e com a diluição que sofreram durante a recuperação judicial. É importante para as autoridades políticas garantir que a empresa não é dominada por interesses contrários ao país, à empresa e aos acionistas, protegendo esta multidão de pequenos investidores.

Seguimos atentos.

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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