Os segredos da dívida da Oi – R$10 bi a pagar em 2025 – Parte 2: Bonds Qualificados

Neste artigo, continuamos explorando os detalhes da dívida da Oi que iniciámos no artigo “Os segredos da dívida da Oi – 20 anos sem juros – Parte 1: Oferta Geral” . O segredo está nos detalhes e, no meio de tanta desinformação e informações incompletas ou parciais que se leem e ouvem por aí, queremos conhecer todos os detalhes.

Depois da parcela Oferta Geral, abordamos nesta matéria os Bonds Qualificados que são a parcela com maior valor na dívida da Oi.

Recordamos o quadro de dívida da apresentação de resultados da empresa (3T2022) do terceiro trimestre de 2022 e a tabela com os valores de dívida a valor de face e justo valor que integram a release de Resultados do 3T2022:

Em: Oi Apresentação Resultados 3T2022 página 14.
Em: Oi – release de Resultados do 3T2022, página 17.

Bonds Qualificados – R$ 8,6 Bi

Esta parcela da dívida, indicada no quadro acima, tem o valor de R$ 8,6 Bilhões a valor justo e R$ 9 Bilhões a valor de face. É devida em Dólares Norte- Americanos (USD $1,653,557).

As condições a que esta dívida está sujeita estão referidas na página 36, ponto 4.3.3.3, do Plano de recuperação judicial:

Conforme descrito no plano de recuperação judicial e nota da planilha de resultados do 3T2022 da Oi os juros aplicados são os seguintes: “Taxa de Juros dos Bonds Qualificados (i) Durante 3 anos: 10%aa ou 8%aa em dinheiro + 4%aa capitalizado ao principal (é uma opção da Cia); (ii) Após 3 anos: 10%aa em dinheiro.”.

Desde a emissão das notes, em 2018, esta dívida incorre no pagamento semestral de juros e terá o pagamento do principal – pagamento de todo o capital em dívida – em julho de 2025. Os pagamentos semestrais de juros ocorrem nos meses de fevereiro e agosto, entre 2018 e 2025.

Os relatórios do administrador judicial têm dado nota destes pagamentos semestrais, que estimamos entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, exemplo:

Em: relatório mensal do administrador judicial – Fevereiro de 2022, página 13.

Resumo das condições:

  • Vencimento: julho de 2025
    • Pagamento único de capital.
    • Carência de capital: 7 anos
  • Juros:
    • Pagamento semestral 2018 a 2025 nos meses de fevereiro e agosto.
    • Taxa 10%aa ou 8%aa em dinheiro + 4%aa capitalizado ao principal.

Esta componente da dívida tem um peso considerável nas contas da empresa, retirando todos os anos, segundo os nossos cálculos, cerca de R$ 1 Bi do caixa da companhia para pagamento dos juros, repartidos em duas prestações semestrais. Além desta dívida ser paga em dólares Norte-Americanos, a taxa de juro de 10% não é favorável.

Em julho de 2025 a Oi terá que efetuar o pagamento de todo o capital, num montante que estimamos em R$ 9 Bi e que irá variar com o câmbio do dólar Norte-Americano nessa data.

O pagamento desta componente da dívida estará, certamente, entre as principais preocupações da empresa no que respeita à gestão da dívida. Entre 2023 e 2025, com os juros semestrais e o reembolso do capital (principal), deverá representar um desembolso de mais de R$ 10 bilhões.

No fato relevante publicado pela Oi em 31 de dezembro de 2022, a empresa informou que os detentores destas notes estão entre os credores com os quais estão em andamento conversações com vista à potencial renegociação da dívida.

Fato Relevante publicado pela Oi em 31-12-2022

O valor é alto e o fato do pagamento ocorrer em 2025 é uma preocupação, de qualquer modo, é um ponto positivo saber que a empresa está com o foco nesta componente da dívida e está avaliando essa renegociação atempadamente.

Recordamos a matéria que já publicámos sobre este fato relevante: “ Oi pode reduzir drasticamente a sua dívida através de conversão de R$ 12 bi em 30% do capital“.

Dentro de dias, publicaremos a análise das últimas parcelas da dívida da Oi: Bancos Locais e ECAs.

Releia a primeira parte da nossa análise à dívida da Oi em “Os segredos da dívida da Oi – 20 anos sem juros – Parte 1: Oferta Geral” .

Nota: As informações publicadas são opiniões, interpretações e estimativas, podem não ser exatas ou corretas e não devem ser tomadas em conta para qualquer ação ou decisão de investimento. As informações oficiais devem ser procuradas junto da empresa e das autoridades competentes.


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